domingo, 23 de maio de 2010
Farpas
Uma obstrução no esôfago me incomoda
e minhas veias desaeradas clamam
Impulsos nervosos me lembram
e um fulgor temporal me causa náuseas
Ando estudando a minha eterna embriaguez
que me faz enxergar pássaros coloridos à noite
e eclipses lunares ao nascer do sol
orvalhos acizentados... angústia.
E esse desequilíbrio perene
me arrepia o corpo
e me força...
a lembrar das farpas pela pele
que me custam tirar
e me acostumar com uma dor inflamada
A intermitente combustão de emoções
queima os cortes dos meus dedos
que já se acostumaram ao desperdício de palpitares
incentivando falsas excitações hormonais
E se o inferno fosse aqui
diria que hoje seria o meu primeiro dia
gritos cortando minha garganta
e um eterno calor ardente
Vejo tudo vermelho
com pregos pelo chão ando cautelosamente
e aquele grão de areia prateada
indica que estou mais perto do que longe
e meu corpo há de expulsar essas farpas
fadadas e inchadas
caladas e molhadas
...há de ser natural
meu olhos avermelhados, pela acidez natural de existir
me julgam fraco, frágil, com esse fardo a levar
e um dia mais, secreto estou comigo
e levo no umbigo o que só eu sei
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Saga gélida
A incineração de sentimentos densos resulta em cinzas ácidas que queimam ainda os dedos. A vibração do coração numa solução viscosa e quente nos lembra que é a hora de acordar. Em contra partida, a mente nos leva a um frio polar e nos encarcera sem agasalhos, caminhando em solo fofo, afundando os pés, mas olhando na direção do horizonte, onde há uma luz intensa que pode nunca ser atingida, mas reconforta quem a busca, pelo simples fato de existir.
Submersa em meus pensamentos, sufocando-me, afogando-me em mim mesma e vendo que todos possuem uma piscina particular em que só uma pessoa pode nadar, afogar-se e conseqüentemente se salvar.
Os seres humanos costumar ser tolos que pasmam com situações claramente possíveis de acontecer e reagem sempre como se fosse a primeira vez. Quando não, se fecham à tentativa e se enclausuram numa vida cristalina, ordenada e enfadonha. Paradoxos vitais dos quais também faço parte.
Assinar:
Postagens (Atom)